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Paracatu

Reconstruindo a Memória da Banda Lyra

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Difundida na Europa, a banda de música parece ter suas origens na França. 

No Brasil, embora haja a confirmação da existência de bandas militares na segunda metade do século XVIII em Pernambuco, elas vieram a ser mais populares a partir da chegada de D. João VI com sua corte ao Rio de Janeiro, em 1808. O rei trouxe consigo uma banda de música portuguesa e durante a estada da família real no Rio de Janeiro foram realizados vários concertos pelas bandas existentes na época. 

As bandas civis, que herdaram a disciplina e a organização das bandas militares, foram criadas por todo o Brasil. Havia bandas de músicas, tanto nas cidades, quanto em vilas, povoados e até em sítios e fazendas. As cidades do interior organizavam suas bandas civis, que passavam a ser um veículo de entretenimento coletivo, participando de movimentos políticos, acontecimentos religiosos, cívicos e sociais. 

Em Paracatu, as primeiras aulas de música do senhor José de Araujo começaram na Escola Normal, hoje Casa de Cultura. O maestro saía de sua casa, com seu lampião na mão e satisfação dentro do peito, passando pelo Beco dos Mal Casados em direção à Escola Normal. Depois os integrantes da banda passaram a ensaiar na própria residência do “sio” José, que com boa disposição e muita disciplina procurava não deixar faltar nada. Dona Dirce, sua esposa, cuidava do lanche para oferecer aos músicos após os ensaios. Ninguém se esquece de sua famosa farofa.   

No dia 01 de junho de 1961, na residência do Sr. José Gonçalves de Araujo, situada na Avenida Deputado Quintino Vargas nº 212, foi decidido, oficialmente, dar início às primeiras aulas de música para organização de uma banda de música.

O senhor Curtis Bijos, em entrevista realizada, mencionou que o sonho do maestro era criar uma banda mirim, mas as pessoas que o procuravam eram, em sua maioria, adultos. Acrescentou que o maestro exigia muita disciplina durante os ensaios, mas que era um amigo acima de tudo. Com emoção, relatou que, após uma apresentação, atendeu a um pedido seu, tocando duas músicas na porta da casa dos pais de sua namorada na adolescência. Essa atitude demonstra que estava ciente de que para ensinar há que se agregar amor ao que faz e para quem faz. 

Decidiram em assembléia, no dia 08 de outubro de 1961, na residência do senhor José de Araujo, constituir uma Sociedade Musical para ministrar os ensinamentos musicais aos jovens paracatuenses e manter uma banda de música. Com exceção do diretor artístico, que receberia uma ajuda de custo de oito mil cruzeiros, os elementos da diretoria não teriam nenhuma remuneração monetária.

Os primeiros integrantes da Banda Lyra, na data de sua criação, foram: José Gonçalves de Araujo, Joaquim André Sobrinho, José Batista de Oliveira, Júlio Xavier da Silva, Jurandir Cunha Chaves, José Batista Rodrigues, José Maria André, José Odilon de Melo Peres, José Pereira Mundim, João da Abadia Alves, João Gualberto Monteiro Santos, Osvaldo Lopes, Benedito Batista Gomes, Mauricio Meireles, Francisco Ferreira Braga, Sinfronio André, Tomas Correia dos Santos, Curtis Rodrigues Bijos, Sônia Benedita Araujo e Maria Lucia Araujo. 

A Banda Lyra Paracatuense foi criada com o objetivo de ministrar aulas para o ensino gratuito de música, através de instrumentos de sopro e percussão, socializando a criança, o jovem e o adulto através da cultura musical; atender as autoridades nas programações das artes musicais; participar das atividades culturais, recreativas, populares e religiosas do Município. 

A banda teria renda através de donativos, anuidades pagas pelos sócios beneméritos e contribuintes, subvenções governamentais, festividades e serviços. 

 Após eleição entre os presentes, foi composta a primeira Diretoria da Sociedade: Presidente, Ruy Jordão de Carvalho; Vice-Presidente, Joaquim André Sobrinho; 1º Secretário, Luiza Rocha; 2º Secretário, Guilhermina Mundim; 1º Tesoureiro, Recemvindo Gonçalves de Carvalho; 2º Tesoureiro, José Arthur Mundim; Procurador, Jurandir Cunha Chaves e Diretor Artístico, José Gonçalves de Araujo.

A preocupação com uma sede própria era uma constante nas reuniões da Diretoria. Enquanto isso não acontecia, os ensaios ocorriam na residência do maestro, que recebia uma ajuda de custo de dois mil cruzeiros mensais pelo cômodo ocupado para os ensaios. 

A Sociedade Corporação Musical Lyra Paracatuense, foi inaugurada no dia 28 de outubro de 1962, dia do natalício do diretor artístico da Sociedade, o senhor José de Araujo. 

No dia da inauguração, a banda saiu da sua casa em formação militar, com os músicos de uniformes limpos, engomados, sapatos engraxados, quepes na cabeça, em direção ao coreto da Praça Getúlio Vargas desfilando pelas ruas ao som de dobrados até a Praça Juscelino Kubistchek, executando o melhor do seu repertório.

Os músicos componentes e presentes na data da inauguração foram: Aladim Teixeira Borges, Antonio Neto Siqueira, Antonio Teixeira Mascarenhas, Curtis Rodrigues Bijos, Floriano Damasceno Oliveira, Francisco Ferreira Braga, Gessy Carvalho, Isaias José Andrade, Joaquim André Sobrinho, João Abadia Alves, José Gonçalves de Araujo, José de Sousa Dias, José Batista Rodrigues, José Pereira Mundim, José Gonçalves de Carvalho, José Odilon Melo Peres, Julio Xavier da Silva, Jurandir Cunha Chaves, Mauricio Meireles, Osmar Natividade Reis, Pedro Alves Santana, Tomas Correia dos Santos, Waldemar das Virgens Ferreira e as senhoritas Maria Lucia Araujo, Rita de Cássia Araujo e Sônia Benedita Araujo.

Após a apresentação, homenagearam o senhor Matias de Sousa Mundim e o professor Josino Rodrigues, grandes músicos já falecidos e ex-dirigentes de duas bandas famosas da cidade, Euterpe e Fraternidade. Não faltou uma grande recepção para os músicos e autoridades presentes. 

Para alegria da Sociedade, o Prefeito Wladmir da Silva Neiva doou um terreno para a construção da sede na Avenida Olegário Maciel. Era o primeiro passo para a concretização de um sonho, teriam que arregaçar as mangas e trabalhar para a construção da edificação.

  Em 1964 ocorreu uma assembléia para eleição de uma nova Diretoria, sendo reeleitos os mesmos membros. Novos elementos foram incluídos: Cláudio Pereira Gonçalves, Luiz de Sousa Mundim, Quintino Lopes, Nelia das Dores Araujo, Diogo Alberto Rocha, Elias Gonzaga, Etevaldo Damasceno Oliveira, Ivo Pereira Braga, João Luiz Franca e Mario das Dores Ferreira. Foram excluídos: A ntonio Neto Siqueira, José Batista de Oliveira, Julio Xavier da Silva, José Maria André, José Pereira Mundim, João Gualberto Monteiro Santos, Osvaldo Lopes, Benedito Batista Gomes, Maurício Meireles e Sinfronio André.

“A banda não pode morrer, está sendo reclamada pelo Público.” Este era o apelo do maestro para que os músicos não faltassem aos ensaios. Devido à impossibilidade de freqüentar as reuniões o Procurador da Sociedade foi substituído pelo senhor Diogo Alberto Rocha.

A Banda Lyra recebia subvenções do Estado como as dos deputados Dr. Jorge Vargas eHugo de Aguiar, fruto dos esforços do senhor Ruy Jordão que se preciso fosse ia à capital, Belo Horizonte, atrás de recursos para adquirir uniformes e instrumentos.

As dificuldades pelas quais a Banda Lyra passava eram constantes. Chegou-se a propor que os pertences, instrumentos e imóvel da Sociedade fossem doados para o Orfanato São José caso a Lyra Paracatuense desaparecesse.

Foi remetida, no ano de 1965, pelo senhor Ruy Jordão, a importância de dez mil cruzeiros e uma procuração para a Firma Elmano Ltda., no Rio de Janeiro, para o pagamento e registro da Banda no Conselho Social.

No dia sete de agosto de 1966, foi anulada a ajuda de custo percebida pelo maestro José de Araujo, pois para o ingresso no Conselho Nacional do Serviço Social no Rio de Janeiro não seria permitido nenhuma remuneração aos membros da Corporação.

Foi solicitado que o senhor Ruy Jordão requeresse ao Presidente da República, por intermédio do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, o reconhecimento de utilidade pública da Lyra Paracatuense. Mais uma vez o Presidente se empenou para exercer o seu papel com maestria, como era intrínseco a todos os seus membros.

Neste mesmo ano novos membros ingressaram: Jacks Gonçalves, Pauliram Resende, João Luiz França, José Conceição Martins dos Santos, João Benedito Almeida, Gerson Paulo Gonçalves Torres e Raul Salustiano Pereira.

A Banda Lyra abrilhantou como sempre, os festejos de inauguração da sede social do Aero Clube de Paracatu, em 1967. Sua presença era imprescindível nesses momentos. A tocata foi um êxito.

No dia vinte de fevereiro de 1967 o senhor Ruy Jordão fez, publicamente, o seu pedido de exoneração, sendo empossado o senhor Joaquim André Sobrinho, “sio” Zote. Foi uma lástima esse homem tão empenhado no sucesso da Sociedade ter saído, mas não deixou de acompanhá-la ainda que distante.

Algumas alterações foram feitas no estatuto da Lyra Paracatuense, inclusive no que se refere às aulas gratuitas. Antes de o aluno iniciar as aulas, o maestro faria um teste para comprovar a verdadeira inclinação do aspirante a músico.

No dia vinte e sete de outubro de 1967, foi eleita uma nova diretoria para a Lyra Paracatuense. O Presidente eleito foi Joaquim André Sobrinho; o Vice Presidente, José de Souza Dias; 1º Secretário, Guilhermina Mundim; 2º Secretário, Luiz de Souza Mundim, o senhor Lula da farmácia; 1º Tesoureiro, Pauliram Resende; 2º Tesoureiro, José Gonçalves de Carvalho; Procurador, Aladim Teixeira Borges e Diretor Artístico, José Gonçalves de Araujo.

Na gestão do Presidente Costa e Silva, no dia 13 de novembro de 1967, através do Decreto nº 61.704, a Lyra Paracatuense foi declarada de utilidade pública, para orgulho e satisfação de seus componentes.

Nova diretoria foi eleita em 1970, sendo composta pelos seguintes membros: Presidente, Joaquim André Sobrinho; Vice Presidente, Manoel Rabelo de Souza; 1º Secretário, Guilhermina Mundim; 2º Secretário, José Gonçalves de Carvalho; 1º Tesoureiro, Luiz de Souza Mundim; 2º Tesoureiro, Redelvim da Cruz; Procurador, Tomaz Correia dos Santos; Diretor Artístico, José Gonçalves de Araujo e Auxiliar do Diretor Artístico, José de Souza Dias.

Para tristeza de todos os membros da Lyra Paracatuense, o senhor José de Araujo, após 11 anos de dedicação e incansável dinamismo, solicita sua exoneração. Faltou apoio humano e monetário, mas quem acabou perdendo foi a Corporação, essas foram as palavras do senhor “ Zote” no momento de dar a notícia aos demais.

Uma nova diretoria foi eleita por aclamação, no dia trinta e um de outubro de 1973. O Presidente, o vice Presidente, o 1º Secretário e o 2º Secretário foram reeleitos, 1º Tesoureiro, José Redelvim Cruz; 2º Tesoureiro, Francisco Ferreira Braga; Diretor Artístico, José de Souza Dias e Procurador, Isaias José de Andrade.

No dia 25 de junho de 1974, o senhor Antonio Gouveia Damasceno propôs uma permuta aos componentes da Corporação. O lote com área de 240m2, situado na Avenida Olegário Maciel, doado pela prefeitura, foi trocado por uma casa de seis cômodos, coberta de telhas francesas e terreno com uma área de 390,26m2, situada na Rua Prado ou Travessa 03 de Maio nº 211. Os componentes concordaram por unanimidade com a proposta de “Veludão”. O senhor “Zote” resolveu, em parte, o grande sonho dos componentes da Sociedade com a sede própria.

Já no seu novo endereço, Rua Deputado Manoel França Campos nº. 211, se reuniram para elegerem nova diretoria, pois deveria ser feito a cada triênio. Pelos bons trabalhos executados a diretoria anterior foi reeleita no dia 31 de outubro de 1976.

Uma nova assembléia foi convocada no dia 31 de outubro de 1979 para eleição de uma nova diretoria. A chapa vencedora foi a composta pelo senhor Joaquim André Sobrinho (Presidente), Pedro Alves Santana (Vice Presidente), Guilhermina Mundim (1º Secretário), Francisco Ferreira Braga (2º Secretário), José Redelvim Cruz (1º Tesoureiro), Antonio Benedito Costa (2º Tesoureiro), José Souza Dias (Diretor Artístico) e João José Luiz (Procurador).

Na nova eleição realizada no dia 31 de outubro de 1982, foram reeleitos o Presidente, o 1º  e 2º Secretários, o 1º Tesoureiro, o Diretor artístico e o Procurador. O Vice Presidente eleito foi o senhor José de Oliveira e o 2º Tesoureiro foi o senhor Benedito de Castro, o “Ditinho”. 

No dia trinta e um de outubro de 1985 foi convocada uma nova assembléia para eleição de uma nova diretoria, porém o senhor Gerson Paulo Gonçalves Torres propôs a reeleição da atual diretoria que tão bem vinha conduzindo a entidade. A proposta foi aceita por unanimidade.

Mil novecentos e oitenta e sete, jubileu de prata da Sociedade Corporação Musical Lyra Paracatuense.  Uma santa missa foi celebrada pelo Bispo Dom Leonardo de Miranda Pereira na Igreja do Rosário pelo aniversário da banda, pelo natalício do senhor José Araujo e pelas almas dos queridos ex-companheiros e amigos, Julio Xavier da Silva, Antonio Teixeira Machado, José Maria Fonte Boa, Antonio Neto Siqueira e José Gonçalves de Carvalho. Estiveram presentes o senhor José de Araujo e familiares, o prefeito Diogo Soares Rodrigues, que em sua gestão colaborou para que a Lyra não perdesse seu brilho e o senhor Ruy Jordão, primeiro presidente da Corporação.

A Rádio Jurity de Paracatu, nas palavras dos senhores José Fernandes, Silvano Alves Avelar e Geraldo Capacete, prestou homenagens à Banda lendo belas mensagens e tocando lindos dobrados.

Foi um dia cheio de muitas emoções. A Banda foi recebida na sede social do Jockey Clube pela co-irmã Sociedade Corporação Euterpe, sob a presidência do senhor Júlio Pereira de Castro Filho, sendo regida pelo maestro “Zezinho”, José de Castro Sobrinho.

Não podemos deixar de mencionar o dinamismo e amizade da senhora Ivone Andrécom a Corporação. Não mediu esforços para que a comemoração se tornasse um momento caloroso e inesquecível. Bem peculiar ao seu perfil!

Uma nova assembléia ocorreu no dia 31 de outubro de 1988 para eleição de uma nova diretoria, sendo presidida pelo senhor Pedro Alves Santana e assessorado pela senhoritaJane Machado André, filha do senhor Zote, como secretária. O senhor José de Oliveira apresentou uma chapa única e ela foi aprovada por aclamação. O Senhor “Zote” foi reeleito Presidente; José Alves Avelar, Vice Presidente; 1º Secretário, Guilhermina Mundim; 2º Secretário, José Augusto Oliveira Melo, 1º Tesoureiro, Antonio Benedito Castro; 2º Tesoureiro, José Redelvim Cruz; José Souza Dias, Diretor Artístico e João Luiz França, Procurador.

Em Paracatu, a Lyra, foi reconhecida como entidade de utilidade pública, através da lei nº 1.725/1991, sancionada e promulgada pela Câmara Municipal, na gestão do Prefeito Antônio Arquimedes Borges de Oliveira. 

Anos difíceis, mas os valentes guerreiros não desistiam de seus sonhos. No triênio que passou a Lyra sobreviveu sem nenhuma verba (Municipal, Estadual e Federal). O senhor Antonio Benedito de Castro propôs fazer rateio entre os membros da Corporação para o pagamento das contas. E assim seguiram, reelegendo a mesma diretoria para continuar os trabalhos no novo triênio (92/93/94).

Com o falecimento do Diretor Artístico, o senhor José de Souza Dias, em 1994, após eleições, o senhor Benedito Pereira da Silva passou a executar essa função. Os demais membros da diretoria foram reeleitos por aclamação.

Cumprindo 35 anos de existência, brilhantismo e perseverança, o ano de 1997 foi bastante produtivo. Fizeram treze apresentações, deixaram seus afazeres para comparecerem aos 68 ensaios e 133 aulas aos novos alunos. Sinônimo de luta e dedicação, mesmo sem a ajuda do Governo, foi um trabalho coroado de glórias. Uma nova diretoria foi eleita. O senhor Joaquim André Sobrinho continuou na presidência; o Vice Presidente eleito foi o senhor Pedro Alves Santana (Pedro Cheiro), 1º Secretário, João Luiz de França; 2º Secretário, Antônio Alberto Avelar; 1º Tesoureiro, Antonio Benedito de Castro; 2º Tesoureiro, Benedito Martins Pereira; Procurador, José Antonio de Oliveira Melo e Diretor Artístico, José Redelvim Cruz.

Em assembléia realizada no dia 15 de julho de 1998, um novo estatuto foi aprovado por unanimidade, sendo este sugerido pela Secretaria de Estado da Cultura do Estado de Minas Gerais.

No ano de 2003, uma nova diretoria foi eleita. Sendo  Presidente o senhor Joaquim André Sobrinho; Vice Presidente, José Alves Avelar; 1º Secretário, Magno Sena de Oliveira; 2º Secretário, Antonio Benedito de Castro; 1º Tesoureiro, Pedro Alves Santana; 2º Tesoureiro, Benedito Martins Pereira; Diretor Artístico, José Redelvim Cruz e Procurador, Antonio Alberto Alves Avelar.

Com todas as honras que lhe cabe, o senhor “Zote”, por recomendações médicas, deixa a banda Lyra, mas leva consigo o reconhecimento de todos pelo seu árduo trabalho. Sempre serviu à Banda Lyra com carinho, desde a sua criação esteve presente como um soldado frente ao campo de batalha, nunca largou suas armas, seus instrumentos musicais que ecoavam hinos de amor pelo que fazia. Como bem se lembra sua esposa, Ivone André, até camisas sobressalentes ele levava nos dias de apresentação para emprestar àqueles que não as possuísse. Até que um dia ele mesmo não tinha uma só para vestir e sua solícita esposa “corria” para comprar uma em uma loja em frente sua residência para socorrê-lo.

Uma nova diretoria foi eleita em assembléia, no dia 28 de outubro de 2006. Foi eleito Presidente o senhor Antônio Benedito de Castro; Vice Presidente, José Redelvim Cruz; 1º Secretário, Maria Agda Santiago; 2º Secretário, Henrique Júnior Alves Castro; 1º Tesoureiro, José Alves Avelar; 2º Tesoureiro, Marlon Gonçalves Cruz; Diretor Artístico, Pedro Alves Santana; Procurador, Antonio Alberto Alves Avelar.

A Câmara de Vereadores de Paracatu aprovou o projeto da Corporação, autorizando o prefeito a dar-lhe uma ajuda de doze mil reais, mas segundo a ata do dia 15 de outubro de 2009, não tinham recebido o repasse. O deputado Eros Biondini, representado por Glauber César em Paracatu, se comprometeu em liberar uma importância de dez mil reais no ano de 2009, porém não foi dado prosseguimento. O mesmo ocorreu com o deputado Almir Paraca. A Sociedade necessitou alugar o imóvel para ajudar a pagar as despesas, tamanha era a dificuldade de conseguir apoio.

Finalmente, nesse mesmo ano, o presidente da Corporação recebeu onze instrumentos da Secretaria de Cultura do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte. A Corporação contava com a brilhante participação e colaboração do Maestro “Zezinho” para sua caminhada.

No dia vinte e oito de outubro de 2009, na sua sede, os bravos músicos se reuniram para mais uma eleição de nova diretoria. Foram eleitos: Presidente, Jucelino da Conceição Pires Gonçalves; Vice Presidente, José Redelvim Cruz; 1º Secretário, Marlon Gonçalves Cruz; 2º Secretário, Daniel Abreu Torres; 1º Tesoureiro, José Alves Avelar; 2º Tesoureiro, José Ronaldo Santana; Diretor Artístico, José de Castro Sobrinho, o maestro Zezinho; Procurador, Antônio Alves Avelar.

O jovem presidente tinha muitas metas a alcançar. A primeira seria construir a sede da Corporação, a segunda era a aquisição de uma viatura utilitária, a terceira seria o desenvolvimento social através da música e fornecer uma gratificação aos membros sócios da Corporação. É desejo de o presidente contratar um maestro para ministrar aulas de música e formar novos músicos na Corporação.  Segundo ele, um maestro com formação militar, como o saudoso maestro José Gonçalves de Araujo.

Enquanto o maestro não chega, todos se empenham para colaborar. O neto do senhor “Pedro Chero”, Guilherme, ainda em tenra idade e músico da Banda, ensina seus companheiros com desprendimento e boa vontade.

Sob as bênçãos de Santa Cecília, padroeira dos músicos, a Lyra Paracatuense continua a emocionar a população, acompanhando as procissões, cavalgadas e comemorações. Celebrando a vida e a morte, sempre estiveram presentes na vida dos paracatuenses e, certamente, nas recordações dos visitantes. 

A sociedade paracatuense é muito grata aos que já partiram, não nos esquecendo dossenhores José Gonçalves de Araújo e Joaquim André Sobrinho, que agora compõem a divina orquestra, juntamente com outros músicos, regida pelo Pai Celestial. 

Agradecer àqueles que contribuíram para os cinqüenta anos da Lyra Paracatuense seria pouco, pois a vida sem música seria muito desafinada.

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