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Rabino Ventura: o propósito de um judaísmo menos estigmatizado

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Criador do movimento Sinagoga Sem Fronteiras, Gilberto Ventura luta pelo conhecimento e pela preservação da cultura

Brilhante e iluminado, essa é a primeira impressão que se tem ao conhecer o Rabino Gilberto Ventura. Um ser humano cuja generosidade atrai não somente pelo tom doce das palavras, como também pela sua energia contagiante. De ascendência egípcio-polonesa, o Rabino desde criança teve em sua educação festas e comemorações judaicas dentro da sua família. Reconheceu sua vocação na religião e desde pequeno, sabia qual jornada queria trilhar. Hoje, aos 49 anos, relembra que se inspirou em pessoas que trabalhavam como funcionários da família que cantavam louvores, enquanto trabalhavam, mesmo sendo de religiões diferentes da sua. Naquela época ele já conversava sobre Deus com todos, independente da religião e é desse olhar que vem a sua paixão pela espiritualidade judaica e pela conexão humana.

Com 17 anos, foi para um internato em Israel e lá conheceu sua esposa, Jaqueline Ventura. Ao longo do tempo, o casal desenvolveu juntos um projeto de recuperação da história e cultura judaica em todo o Brasil, incluindo os sertões do Nordeste, identificando inúmeros descendentes dos antigos judeus, através dos sobrenomes, genealogia e costumes. Ao se aprofundar em suas pesquisas, descobriu que isso estava relacionado à grande parte do povo brasileiro desde a chegada de Cabral. Foi nesse momento que percebeu seu propósito de expandir a divulgação desta história e dos valores humanos envolvidos, e com isso revelar e resgatar as origens judaicas do Brasil, desconhecidas, inclusive de sua própria família e comunidade.

 Gilberto é o fundador do Movimento Sinagoga Sem Fronteiras. O ponto de partida dessa iniciativa é a interação do judaísmo com a sociedade maior. O movimento possui vertentes e transcende a religiosidade, sendo um agente social atuante em comunidades Brasil afora. Tal projeto tem como propósito maior trabalhar pela formação de laços de amizade e respeito entre as pessoas, independente de sua religião e origem. Já atuou também em diversas sinagogas e escolas. Atualmente, além de liderar o movimento, é palestrante e escritor e almeja que o conhecimento sobre os valores do judaísmo esteja cada vez mais próximo da população, que seja de fácil acesso, e que possa comover, edificar e apaixonar pessoas pela sua história. “Quero divulgar e  fazer o povo brasileiro conhecer toda a trajetória do judaísmo do Brasil, quero que os próprios  judeus conheçam essa história”.

Com o advento da internet, o líder entende que esse processo pode ser ainda mais fácil, atingindo cada vez mais pessoas dentro e fora da comunidade, compreendendo que, em última instância, todos são conectados pela mesma origem e que a partir desse pensamento, pode-se construir um mundo mais harmônico e apaziguado.

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