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Paracatu

A História da Casa de Cultura de Paracatu

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Segundo o escritor/ romancista Agripa Vasconcelos, em seu romance histórico do ciclo da Mineração “A vida em flor de Dona Beija”, diz que o antigo casarão situado na Rua do Ávila e que faz esquina com o Largo da Jaqueira, era a sede do Palácio do Conselho das Minas da vila de Paracatu do Príncipe, um prédio baixo, chamado de prédio baixo do Conselho, devido em sua frente ter apenas um andar, porém o prédio fora edificado por Domingos Pimentel de Ulhoa, com inicio em 1854 e após 3 anos e meio, ou seja, até meados de 1857, mudou-se para lá com sua familia. (testamento de Dona Cândida Pimentel de Ulhoa e sua irmã Adelina Ulhoa).

O comendador Domingos era homem culto, de grande influência política, é bem possível ter sido ele, o Presidente do Conselho das Minas, pois o casarão possuía dependências separadas e interligadas interiormente em sua residência. Eram suas filhas, Cândida Pimentel de Ulhoa, Adelina Pimentel de Ulhoa e outras. Mais tarde, residiu também no palácio o Coronel Fortunato Botelho, então espose de Cândida Pimentel de Ulhoa Botelho e filhos. O Coronel Fortunato era natural de Araxá –MG, antigo Arraial de São Domingos.

Nos porões do pátio do palácio, ainda existem as marcas no teto, ou seja, na barratana e paredes com queimaduras e afumaçamento, bastantes remotos, onde tudo leva a crer ter sido ali, residência de escravos, que nele trabalharam, ou seja as famosas senzalas adaptáveis à casa, cujo piso era chão batido (antes da 1ª restauração) onde os negros acendiam fogueiras.

Pela frente do casarão na Rua do Ávila, havia neste andar baixo, no lugar das três janelas á direita de quem chega pela porta principal, mais três portas (3) no mesmo estilo copiando a fachada original com quatro (4) – (vejam fotos no Museu histórico) onde naturalmente servira para funcionar o corpo administrativo do Conselho das Minas com atendimento ao público, e que posteriormente o Coronel Fortunato, teria ali, um grande comercio de secos e molhados, ou armazém, loja nos anos de 1858 a 1870.

Em 1880, com criação da Escola Normal e internato o prédio fora adaptado para funcionar o segundo maior educandário de Paracatu, pois existia antes a cadeira de Latim. Com o fechamento da Escola Normal antiga, criaram o Colégio o Atheneu Paracatuense, com excelente corpo docente.

Mais tarde em 1908, dia 26 de setembro criou-se o primeiro grupo escolar de Paracatu, O Affonso Arinos, que funcionou de 1908 até 1930, no velho palácio da Rua do Ávila.

“O prédio fora adquirido por doação e adaptação. Pertencia às irmãs dona Cândida Ulhoa Botelho, D. Adelina Ulhoa Vilela, Drs. Duarte e Tomás Ulhoa e D. Ana Paraíso Ulhoa”. Segundo Zenóbia Vilela Loureiro em seu livro “E o Flamboyant Floriu”, págs. 25.

Com a saída do Grupo Escolar Affonso Arinos para seu próprio prédio, voltou a funcionar no palácio, a escola Normal oficial Antônio Carlos de 1931 até 1935.

Segundo uma ata lavrada pelo Prof. Josino Neiva, datada e assinada por ele, em Paracatu, em 26 de Setembro de 1958 e que se encontra nos arquivos da  Secretaria do Grupo escolar Affonso Arinos, diz que… “… o qual foi solenemente instalado, naquela áurea data, em vasto e apropriado edifício, para esse fim, adquirido e doado ao Estado pela Câmara Municipal de Paracatu – edifício este que é localizado à Rua do Ávila, fazendo esquina com a Praça Tenente Coronel Fortunato (antigo Largo da Jaqueira).

Segundo o historiador Olimpio Gonzaga, em seu livro “Memória Histórica de Paracatu”, publicada em 1910, nas paginas de número 56, diz que: “… Atualmente a instituição pública neste Município conta com um grupo Escolar, com 8 cadeiras, instalado em Paracatu a 26 de setembro de 1908 em um bonito e espaçoso prédio,à Rua do Ávila adquirido por uma “subscrição popular” e dotado de excelente material escolar pelo Governo do Estado, duas cadeiras no distrito do Rio Preto (Unaí) e uma escola mista em cada um dos distritos”, e mais adiante o Professor historiador Olimpio Gonzaga, continuava nas paginas 73… “ O Edifício do grupo Escolar, que é um dos melhores prédios da cidade, está situado à Rua do Ávila, esquina, dando vista para largo da Jaqueira e rua São Domingos.

Possui vastos e higiênicos salões, ricamente mobiliado, provido de excelente material escolar coma água potável canalizada e mictórias de mármore. Foi adquirido por doze conto de réis, dispendendo com a adaptação quatro contos, auxiliando a Câmara Municipal com a quantia de seis contos, sendo o restante angariado em uma subscrição popular, a cuja frente se acharam o Dr. Sergio Gonçalves Ulhoa; o inspetor técnico Antônio loureiro Gomes, encarregado pelo governo do Estado da sua instalação e organização, o major Roriz, inspetor escolar, e mais tarde nomeado diretor do referido grupo…”

Conforme informação dos parentes paracatuenses de Dona Cândida Pimentel Ulhoa Botelho e de sua irmã, Dona Adelina Pimentel de Ulhoa Vilela, o termo escrito, denominado “Ata de Doação” por elas assinado, se encontra em arquivo do grupo Escolar Affonso Arinos. Uma vez que propuseram à venda ao estado de Minas Gerais, e não realizando o pagamento, as duas irmãs resolveram realizar a doação do palácio para o governo, afim de que o Grupo escolar não se extinguisse por falta de imóvel.

Logo que transferiu-se a Escola Normal em  Colégio Antônio Carlos para o novo prédio, o velho palácio serviu de sede para o colégio particular “Dr. Adelmar da Silva Neiva “e já bastante velho, o casarão da Rua do Ávila abrigava ainda, o “Colégio Estadual Affonso roquete”.

Por idealização e esforço do historiador paracatuense, o cineasta e professor Lavoisier Wagner Albernaz, alugou-se ao então Presidente do Lions Clube de Paracatu, o Sr. Diogo Soares Rodrigues, por sua vez candidato a Prefeito da cidade e afirmaram juntos o compromisso de que: uma vez eleito, tendo para isto o total apoio do professor, promoveriam a manutenção do antigo casarão, para sediar assim ao “Centro regional de Cultura e Turismo do Noroeste de Minas” conforme idealizara o historiador Lavoisier Albernaz, incluindo, ou melhor constituindo por postos policiaisdo Estado.

O destino assim o quis, mudando um pouco a perspectiva, o então Prefeito – eleito Diogo Soares Rodrigues, fez executar a restauração do imóvel colonial e por motivos de verbas curtas, ficou ainda por completa-la em sua total originalidade e inauguraram a “Casa de Cultura de Paracatu” onde o artista multimídia Lavoisier albernaz, fora então eleito por unanimidade pelo Conselho Municipal de Cultura, o I Diretor – Presidente da casa, isso já no governo do Prefeito Antônio Arquimedes Borges de Oliveira em sua 1º gestão.

A escritura pública do imóvel fora conseguida através dos esforços do ex-deputado Estadual Alberto Rodrigues de Uberlândia, passando à pertencer a Prefeitura Municipal de Paracatu.

Atualmente o imponente e importante “prédio baixo do conselho das Minas da Vila de Paracatu do Príncipe”, abriga a Fundação Municipal Casa de Cultura “Maria da Conceição Adjuto Botelho” “Dondona”. Em 2006, a então secretária e diretora presidente da Fundação, Mª das Graças C. Jales, o prédio passou por  uma completa e minuciosa restauração, para torná-lo totalmente original, o que incluiu a substituição dos jarros, para modelos originais, vidraças em 5×4 dimensões, sanitários, cantina e frontispício; pois o mais difícil já fora realizado pelo ex – Prefeito Diogo Soares Rodrigues. Também o sistema eletrônico e as luminárias foram adequados e substituídos.

Todos as telhas foram retiradas e lavadas, as bicas foram trocadas por telhas novas, na mesma bitola, vindas de Florianópolis e colocadas no salões forrados com cadeiras e esteira. Em conseqüência do grande número de telhas que quebradas.

Todo madeiramento (ripas, caibos, vigas) foi substituído apenas as varandas mantiveram bicas e capa antigas.

Pisos do subsolo (porões) do piso em sua totalidade remoção (porões, banheiros e cantina, loja de artesanato).

Colocação de piso cerâmica especial, adequado ao estilo do casarão.

Planta de parte elétrica que foi totalmente substituída recebendo iluminação em arandelas e lustres adequados ao estilo da casa.

As galerias de arte I e II, receberam projetores com lâmpadas direcionais especiais, em trabalhos deslizantes formando um conjunto mais indicado a iluminação de obras de arte.

O rincão da varanda foi substituído por uma peça do casarão do escritor Mário Palmerio de Monte Carmelo, que mantém a mesma linguagem da anterior.

Telhado

As salas próximas à varanda receberam novas esteiras que foram contaminadas pelos cupins que se abrigaram acima das esteiras.

Foram retiradas, novamente as abelhas que não desistem de habitar o casarão.

Pátio

Os esteios foram descobertos para nivelamento das varandas e o pátio recebeu piso de lajes da região.

O poço que antes estava soterrado com entulhos foi complemente limpo, para ser acessado à utilização da água pela Casa de Cultura alem de economia para os cofres públicos.

Fachada

A fachada voltou ao original com as escadarias em 3 degraus, o 2º degrau estava firme à ação do tempo sob o passeio novo, os esteios foram descobertos para serem tratados ou reconstituídos. E as portas da época do palácio do Conselho das Minas, teve a ultima porta destinada ao acesso de deficiente físicos à cultura e as artes.

Os pilares de muá foram acrescentadas para segurança da esquina e adequação ao estilo da época, onde cavaleiros amarravam seus cavalos.

Assim o belo “Palácio das Minas” se torna um marco indelével da importancia Cultural do Município de Paracatu, que a fez consagrar-se em ”Athenas Mineira”, contribuindo com relevante importância ao estado de Minas Gerais e ao Brasil.

Fonte: Retirado do Site do Arquivo Publico Municipal na qual dar créditos a Fundação Municipal Casa de Cultura de Paracatu.

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